Despeço-me
do Porto lhe dizendo até logo. Levei todo o mês de agosto a procurar conhecer
esta cidade e talvez compreendê-la. Não é tarefa fácil conhecer e entender uma
cidade. Existem nuances que se delineiam pelas ruas antigas, suas ladeiras, as
belas paisagens, o caráter do seu povo e o antigo rio que lhe faz espelho em
suas águas tranquilas. Mas um rio é também imprevisível como uma cidade, sua
torre e seus monumentos. Nada é como se mostra. Voltarei ao Porto com o pensamento
de quem precisa compreender o que se começou a amar, pois é preciso amar para
entender.
Despeço-me
repetindo o que disse do Porto o poeta Albano Martins:
Uma Cidade
Uma cidade pode ser
apenas um rio, uma torre, uma rua
com varandas de sal e gerânios
de espuma. Pode
ser um cacho
de uvas numa garrafa, uma bandeira
azul e branca, um cavalo
de crinas de algodão, esporas
de água e flancos
de granito.
Uma cidade
pode ser o nome
dum país, dum cais, um porto, um barco
de andorinhas e gaivotas
ancoradas
na areia. E pode
ser
um arco-íris à janela, um manjerico
de sol, um beijo
de magnólias
ao crepúsculo, um balão
aceso
numa noite
de junho.
Uma cidade pode ser
um coração,
um punho.
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