sábado, 3 de setembro de 2016

Uma cidade



Despeço-me do Porto lhe dizendo até logo. Levei todo o mês de agosto a procurar conhecer esta cidade e talvez compreendê-la. Não é tarefa fácil conhecer e entender uma cidade. Existem nuances que se delineiam pelas ruas antigas, suas ladeiras, as belas paisagens, o caráter do seu povo e o antigo rio que lhe faz espelho em suas águas tranquilas. Mas um rio é também imprevisível como uma cidade, sua torre e seus monumentos. Nada é como se mostra. Voltarei ao Porto com o pensamento de quem precisa compreender o que se começou a amar, pois é preciso amar para entender.

Despeço-me repetindo o que disse do Porto o poeta Albano Martins:

Uma Cidade

Uma cidade pode ser 
apenas um rio, uma torre, uma rua 
com varandas de sal e gerânios 
de espuma. Pode 
ser um cacho 
de uvas numa garrafa, uma bandeira 
azul e branca, um cavalo 
de crinas de algodão, esporas 
de água e flancos 
de granito. 
                      Uma cidade 
pode ser o nome 
dum país, dum cais, um porto, um barco 
de andorinhas e gaivotas 
ancoradas 
na areia. E pode 
ser 
um arco-íris à janela, um manjerico 
de sol, um beijo 
de magnólias 
ao crepúsculo, um balão
aceso 
numa noite 
de junho. 
Uma cidade pode ser 
um coração, 
um punho.


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