segunda-feira, 31 de outubro de 2016

As tascas





Como toda cidade cosmopolita, o Porto tem restaurantes dedicados às diferentes cozinhas do mundo. Os muito elegantes e caros, os pequenos e divertidos, como os do Mercado do Bolhão, os japoneses e os indianos. Mas é nas tascas que a gastronomia da cidade se revela na plenitude. Desde a Tasca do Zé Povinho, minha preferida, às muito criativas, como a Tasca da Badalhoca ou a Venham Mais Cinco, famosa pelo prego no pão.

A cozinha portuense é rica e diversificada e vai além das típicas francesinhas e das tripas à moda do Porto.

Vai aqui uma lista das tascas mais gloriosas, conhecidas e consagradas. Mas além delas há muitas outras que mereceriam cuidadosa atenção de quem visita a cidade.

Tasquinha do Zé Povinho
Taxca A Badalhoca da Baixa
Casa Guedes
O Gazela
Nelson dos Leitões
Conga
Adega Rio Douro
Casa das Iscas
Casa do Evaristo
Astro
Casa Alfredo Portista
Adega O Escondidinho
Flor dos Congregados
Bufete Fase
O Buraquinho Poveiros
Venham Mais 5
Casa Santo Antonio Tasca Gourmet Baixa
Taberna Santo Antonio
Lareira



sábado, 22 de outubro de 2016

São Lázaro





O Jardim de São Lázaro é o mais antigo do Porto, de árvores frondosas, silencioso e calmo. Tem um coreto romântico e gracioso. Foi construído por Dom Pedro IV, o Pedro I do Brasil, depois que terminou a guerra civil e o cerco feito à cidade. Dom Pedro, galanteador como sempre foi desde os seus tempos de jovem no Rio de Janeiro, dedicou-o às senhoras portuenses. Disse que significava um agradecimento pelas provações que elas haviam passado quando do cerco dos inimigos.


Ali perto, na Praça dos Poveiros, fica a Casa Guedes, dos famosos sanduíches (sandes) de pernil feito com uma receita brasileira, secreta, dizem os donos da casa. Vai muito bem com um “fino”, nome que os portuenses dão a um chope muito bem tirado num copo fino, como diz o nome.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

O Douro




Talvez não exista outro rio tão fotografado em belas imagens que percorrem o mundo. Outros recebem a atenção dos viajantes e dos turistas mas o Douro, principalmente em sua passagem pelo Porto, atrai, envolve e encanta os próprios habitantes da cidade, que são os seus mais fieis admiradores. 

Depois de percorrer quase 900 quilômetros desde a Serra de Urbião, onde nasce na Espanha, o Douro chega até sua foz entre o Porto e Vila Nova de Gaia. Nas terras que banha produz vinhos há mais de dois mil anos. Outrora caudal indomável, antes das barragens que o amansaram, por ele trafegavam os barcos rabelos em viagens temerárias a transportar o Vinho do Porto. Ele cria vida para os pássaros. De suas águas, entre outras espécies, sobrevivem gaivotas, abutres, grifos, águias, pombos, andorinhas.


A própria cidade do Porto, nascida entre suas margens de granito, é um presente do Douro. Como o Egito, dizia-se desde a antiguidade, era um presente do Nilo.

sábado, 8 de outubro de 2016

Uma cidade



“Uma cidade pode ser apenas um rio, uma torre, uma rua com varandas de sal e gerânios de espuma. Pode ser um cacho de uvas numa garrafa, uma bandeira azul e branca, um cavalo de crinas de algodão, esporas de água e flancos de granito. Uma cidade pode ser o nome dum país, dum cais, um porto, um barco de andorinhas e gaivotas ancoradas na areia. E pode ser um arco-íris à janela, um manjerico de sol, um beijo de magnólias ao crepúsculo, um balão aceso numa noite de junho. Uma cidade pode ser um coração, um punho.”


Foi assim que o poeta Albano Martins cantou sua cidade. Portugal surgiu ali, às margens do Rio Douro. O velho ancoradouro dos romanos – a que chamavam Cálem - deu lugar a um país a partir de uma cidade que é apelidada invicta por causa dos atos heroicos da sua história. Construída sobre granito, amada pela gente que lá nasceu, plantada sobre os montes que desenham seus telhados a descer em cascatas coloridas.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

São Bento




Bem na zona do centro, próxima de outros monumentos que fazem do Porto uma experiência única, a Estação de São Bento completa 100 anos na data de hoje. Inaugurada em 5 de outubro de 1916 para atender à Linha do Minho, transformou-se com o tempo num dos pontos mais visitados da cidade. Não apenas pelos que embarcam ou desembarcam, mas também pelos turistas que se surpreendem com a beleza dos seus painéis de azulejo instalados pelo artista Jorge Colaço, o mais celebrado dos azulejadores da sua época. São cenas peculiares do Norte de Portugal, da conquista de Ceuta e da entrada do rei Dom João I no Porto.


Quem passa em frente impressiona-se com a beleza do prédio imponente mas, se não estiver informado, pode perder o impacto dos painéis surpreendentes logo na entrada, no amplo saguão dessa fascinante estação de trens.

sábado, 1 de outubro de 2016

O carvão



As churrascarias do Rio de Janeiro assam as carnes nos bicos de gás. Creio que nenhuma delas continua a usar brasas de carvão como antigamente. Por isso tenho saudades do cheiro que senti no Porto. Por volta do meio dia espalha-se pelo centro da cidade o odor das brasas para o preparo da carne, do bacalhau, da sardinha, e os clientes se acotovelam nos restaurantes e tascas, atraídos por aquele cheiro. Nada desperta mais o apetite. Ou melhor revive a memória.

Este cheiro espalha-se também em Matosinhos, onde os braseiros encontram-se na porta dos restaurantes e os produtos do mar recebem o tempero das brasas. 


Este seria mais um dos motivos para voltar ao Porto, uma cidade que pode ser também “um arco-íris à janela, um manjerico de sol, um beijo de magnólias ao crepúsculo, um balão aceso numa noite de junho”, como a descreveu o poeta Albano Martins.