Não foi amor à primeira vista. Pelo menos uma dezena de
vezes, vindo da França, atravessei a ponte Luiz I sem parar na cidade. Lisboa
me atraia. Diziam-me que o Porto era uma cidade onde apenas se trabalhava, em
Lisboa estaria a contemplação da vida. Achava interessante observar lá embaixo
as adegas de Vila Nova de Gaia e o Douro que corria com suas águas em direção
ao mar. Mais nada.
Até que um dia resolvi passar algum tempo na cidade. Uma
semana que acabou por transformar-se em todos os dias das férias. Sem que
sentisse, o Porto exerceu todo o poder do seu fascínio e assim me transformei
num amante incondicional. É uma cidade que não se revela à primeira visita. É
preciso descobri-la aos poucos num andar em que o mistério mistura-se à
fantasia e à sua história tão rica, ao encanto do seu povo e ao deslumbramento
da sua paisagem. O Porto é um suave e belo golpe no coração dos seus amantes.